quarta-feira, 25 de novembro de 2009


DISCURSO DE FORMATURA:TURMA DE SERVIÇO SOCIAL 2006.



Em meados da década de 30 a 40 o serviço social surge fortemente ligado às ações da igreja católica aliando-se aos interesses do capitalismo numa concepção de reprodução deste modo de produção.


Em 1993 consolida-se o código de ética vigente até os nossos dias, onde a DEFESA INTRANSIGENTE DOS DIREITOS HUMANOS E RECUSA DO ARBÍTRIO E DO AUTORITARISMO incluído entre os princípios fundamentais, movem o profissional do serviço social, fortalecendo e respaldando-o diante de seus usuários e da sociedade.


Atualmente o serviço social passa por um novo momento de repensar o fazer profissional, focalizando o saber na inter e na transdisciplinaridade, onde questões temáticas como saúde mental, atendimentos terapêuticos, assessoria, consultoria, ensino a distância, dentre outras questões, estão sendo discutidas energicamente pelos conselhos e pela classe profissional. Novos e velhos paradigmas estão sendo repensados.


Para que possamos atuar dignamente diante da formação que recebemos nesta universidade, temos como nossa principal aliada à ética, norteadora de nossas ações.


Sendo propositivos e agindo, sobretudo com coerência e senso crítico fazendo com que o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional, também contemplado em nosso código de ética, esteja entre nossas prioridades.


Agindo sob o respaldo ético, temos condições de sermos mais ousados e de assumirmos com responsabilidade novas posturas, de projetar novos valores, não porque a questão dos direitos humanos "tenha virado moda", mas pelo fato de na própria Declaração Universal dos Direitos Humanos estar citado no seu Artigo I: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação mútua com espírito de fraternidade e compromisso de oferecer aos nossos usuários a viabilidade por seus direitos”.


Através desta reflexão construímos estratégias que superam os limites impostos à cidadania, tendo como objetivos a justiça social, a democracia e o acesso aos direitos dos usuários e aos nossos próprios direitos e deveres enquanto profissionais dessa importante área , respeitando a pluralidade e as diversidades culturais, tendo em vista que a globalização traz uma dinâmica diferente, onde as repercussões na vida dos usuários não podem ser ignoradas por assistentes sociais.


Nós entramos no mercado de trabalho com a grande responsabilidade de atuarmos como protagonistas dessa nova forma de pensar o serviço social, onde o nosso referencial teórico deverá ganhar corpo diante de novas demandas e questões sociais inerentes às nossas vontades políticas e conceituais.


Neste momento onde novos valores estão sendo discutidos pela classe, pondo em cheque o conservadorismo do serviço social. Está sendo exigido não só a compreensão acerca do nosso papel social e profissional, mas, sobretudo discernimento de profissionais atuantes neste cenário inundado de contradições tensas e conflitivas, tendo como objetivo maior a materialização da democracia, da equidade social, da participação cidadã e da garantia de direitos sociais e políticos.


Esta, colandos de serviço social, é a essência da nossa profissão, que se for absorvida por nós, fará com que sejamos o diferencial profissional que o mercado precisa e isto implica diretamente em investimentos profissionais que cada um vai exigir para si.


Olhar para cada um dos formandos como companheiros de jornada, superar desafios e melindres, mostra que temos maturidade e que estamos preparados para ingressar num mundo velho e paradoxal, mas com um olhar diferente acerca das questões sociais e das demandas inerentes a ela.


Ah Senhor! Não podemos deixar de te agradecer por fazer de cada um de nós um vencedor e por estarmos submetidos às tuas vontades, superar desafios, medos, perseguições e obstáculos naturais do cotidiano, leva-nos a crer que sem ti, estar aqui hoje comemorando essa grande vitória não seria possível.



Obrigada.


Silvana Valéria Sousa Duarte (Discurso de Formatura em Serviço Social da Universidade do Tocantins – Turma de 2006 – em 05 de novembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

FAZ DE CONTA

Uma professora, que veio da Polônia para o Brasil ainda muito jovem, proferia uma palestra e, com muita lucidez trazia pontos importantes para reflexão dos ouvintes.
Já vivi o bastante para presenciar três períodos distintos no comportamento das pessoas, dizia ela.
O primeiro momento eu vivi na infância, quando aprendi de meus pais que era preciso ser. Ser honesta, ser educada, ser digna, ser respeitosa, ser amiga, ser leal.
Algumas décadas mais tarde, fui testemunha da fase do ter. Era preciso ter. Ter boa aparência, ter dinheiro, ter status, ter coisas, ter e ter...
Na atualidade, estou presenciando a fase do faz de conta.
Analisando sob esse ponto de vista, chegaremos à conclusão que a professora tem razão.
Hoje, as pessoas fazem de conta e está tudo bem.
Pais fazem de conta que educam, professores fazem de conta que ensinam, alunos fazem de conta que aprendem.
Profissionais fazem de conta que são competentes, governantes fazem de conta que se preocupam com o povo e o povo faz de conta que acredita.
Pessoas fazem de conta que são honestas, líderes religiosas se passam por representantes de Deus, e fiéis fazem de conta que têm fé.
Doentes fazem de conta que têm saúde, criminosos fazem de conta que são dignos e a justiça faz de conta que é imparcial.
Traficantes se passam por cidadãos de bem e consumidores de drogas fazem de conta que não contribuem com esse mercado do crime.
Pais fazem de conta que não sabem que seus filhos usam drogas, que se prostituem, que estão se matando aos poucos, e os filhos fazem de conta que não sabem que os pais sabem.
Corruptos se fazem passar por idealistas e terroristas fazem de conta que são justiceiros...
E a maioria da população faz de conta que está tudo bem...
Mas uma coisa é certa: não podemos fazer de conta quando nos olhamos no espelho da própria consciência.
Podemos até arranjar desculpas para explicar nosso faz de conta, mas não justificamos.
Importante salientar, todavia, que essa representação no dia-a-dia, esse faz de conta, causa prejuízos para aqueles que lançam mão desse tipo de comportamento.
A pessoa que age assim termina confundindo a si mesma e caindo num vazio, pois nem ela mesma sabe quem é, de fato, e acaba se traindo em algum momento.
E isso é extremamente cansativo e desgastante.
Raras pessoas são realmente autênticas.
Por isso elas se destacam nos ambientes em que se movimentam.
São aquelas que não representam, apenas são o que são, sem fazer de conta.
São profissionais éticos e competentes, amigos leais, pais zelosos na educação dos filhos, políticos honestos, religiosos fiéis aos ensinos que ministram.
São, enfim, pessoas especiais, descomplicadas, de atitudes simples, mas coerentes e, acima de tudo, fiéis consigo mesmas.
Você sabia?
Que a pessoa que vive de aparências ou finge ser quem não é corre sérios riscos de entrar em depressão?
Isso é perfeitamente compreensível, graças à batalha que trava consigo mesma e o desgaste para manter uma realidade falsa.
Se é fácil enganar os outros, é impossível enganar a própria consciência.
Por todas essas razões, vale a pena ser quem se é, ainda que isso não agrade os outros.
Afinal, não é aos outros que prestaremos contas das nossas ações, e sim a um Ser Superior e à nossa própria consciência.,
(AUTOR DESCONHECIDO)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

EM BRIGA DE MARIDO E MULHER DEVEMOS METER A COLHER










Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Lei 11.340).


A violência não é um fenômeno novo e muito menos faz parte exclusivamente da vida dos miseráveis ou deserdados pelas políticas públicas. A violência ganha inúmeros definições, tipos e justificativas, mas independente de qualquer uma delas, ela sempre deixa marcas, cicatrizes no corpo, na alma e na imagem social.


Quando falamos de violência temos logo em mente a agressão física e banalizamos as demais práticas de agressões como, por exemplo, a psicológica, sexual, patrimonial e moral, estando estas elucidadas na Lei Maria da Penha, que prevê dentre outras coisas que as medidas protetivas tenham caráter emergencial pondo a mulher a salvo de seu agressor. Esses tipos de violências são mais comuns e não precisam partir necessariamente do companheiro (a) para ser enquadrada como violência doméstica. A orientação sexual também não é questionada nestes casos.


A violência chama a atenção, prende o telespectador, causa um efeito hipnótico sob o outro, prova disto é quando estamos super atarefados e ouvimos alguém gritar “PORRADA!!!!!”. Saímos desesperados, largamos tudo o que estamos fazendo pra ver o que esta acontecendo e na maioria das vezes não passamos de curiosos, meros telespectadores daquela cena chocante, isso quando não torcemos para que o nosso “preferido” saia vitorioso. Os picos de audiência em novelas acontecem exatamente quando alguém se sobrepõe ao outro pela força física, e quando a cena é gravada com mulheres (atrizes), melhor ainda. Torcemos, vibramos e nos sentimos com a “alma lavada”. Não é verdade?


Em se tratando de violência, somos cheios de escudos, nos defendemos com frases prontas tipo: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, “O calo só dói no sapato de quem calça”, “pimenta nos olhos dos outros é refresco” são ditados que usamos para justificar a nossa imparcialidade diante


de tal prática e desta forma contribuímos para o fortalecimento da violência, principalmente no âmbito doméstico, já que poucos tem acesso ao que acontece na casa do vizinho e onde muitas marcas no corpo são justificadas por “quedas no banheiro”, “batidas no canto da parede”, entre outras desculpas para não se expor a julgamentos sociais.


Ainda somos tímidas ao fazermos valer a Lei que nos ampara, ainda preferimos viver com ele, pois “RUIM COM ELE, PIOR SEM ELE”, no entanto, é preciso virar esta página de submissão e de impotência, fomos capazes competir no mesmo nível com os homens profissionalmente e em muitos casos, superamo-los. Fomos capazes de lutar por espaço político e ter nossas representantes no poder, Ai estão. Fomos capazes até de invertermos os papéis, onde homens cuidam do lar enquanto trabalhamos, e isto esta virando moda, já temos até MARIDO DE ALUGUEL.


Subimos degraus sociais, calamos a boca de muita gente com atitudes ousadas, estamos no poder ou em busca dele, educamos nossos filhos, propagamos valores, sustentamos a casa, pagamos nossas contas, votamos, amamos e descartamos se assim for preciso, guerrilhamos, protestamos, usamos e abusamos. Se somos capazes de revolucionar o comportamento social, porque ainda nos intimidamos diante da violência?


Falta de ousadia ou de auto-estima para mudar o estigma de SEXO FRÁGIL?


Aquele que pratica a violência esquece o que fez, mas quem é vitima, direta ou indiretamente, não esquece jamais.


Mudar este contexto depende de nós, a lei esta ai para ser cumprida, as medidas de proteção da qual temos direito também estão a nosso favor, políticas públicas nos aguardam e o mundo “La fora” é bem mais bonito do que conseguimos enxergar. E este nos espera.



Valéria Duarte.


Revisão Textual: Reinaldo Guedes


27/08/09







terça-feira, 28 de julho de 2009

MUJER MISTERIOSA



"La mujer misteriosa"



Mulher misteriosa.


Que secretos guardas pra mim?


Secretos de alcoba?


Secretos apasionados?


Tus ojos hablan,


Tus ojos negros, susurran.


Provocan en mi el deseo de descubrir tus secretos.


Tus misterios e intimidades mais profundas.


Me dejas descubrirte?


O deberé, atraves el laberinto que encierran tus ojos negros misteriosos?


O deberé quitarte el velo que cubre tu rostro y tu cuerpo?


solo la luna fue testigo de los misterios que escondes en secreto


La leyenda cuenta, que detrás de ese velo, se esconde una mujer apasionada, dulce, tierna, muy sexual y sensual.


Será cierta esa leyenda? habrá que descubrirla, trás esos ojos negros


Son muy pocos los que conocen sus deseos, misterios y pasiones.


La Tentación de poder descubrirte existe.


La profundidad de tu mirada me intriga.


Voy indagando en tus ojos.


Veo mucha ternura y dulzura.


Cuando logras esa ternura y dulzura, puedes ser muy apasionada, entregada .


y algo que me tienta mucho descubrir.


Como se que me exita hablar de eso, voy a dejarlo aqui.


Pra dejar latente el misterio


No, pero como se que puedo exitarme.


lo dejo ahí.



De CARLOS Para Mujer Misteriosa


16/07/09

sexta-feira, 17 de julho de 2009

UM OLHAR CRÍTICO DA BRANCA DE NEVE NUMA PERSPECTIVA DA AUTO ESTIMA

Os contos de fadas sempre influenciaram o comportamento da mulher levando-as as mais belas fantasias do que a esperavam no futuro. Príncipes, vestidos de gala, bailes, fugas e aventuras permeiam a imaginação feminina desde que ela começa a fazer um paralelo entre o real e o imaginário, em sua exata noção do que é permitido e o que é proibido.

Dentro desta perspectiva do real e o imaginário, chegamos perto do nosso padrão de perfeição. É o desejo pelo proibido que desperta as tendências de satisfazer-se através das fantasias, esta é uma necessidade intrínseca que a mulher busca de sentir-se realizada sob a ótica permitida por ela mesma sem sofrer censuras daqueles que inconscientemente se contentam em suprimir seus desejos.

Deste modo as fantasias nos possibilitam uma descoberta pessoal levando-nos ao enfrentamento dos nossos tabus e superação dos nossos preconceitos.

Muitas mulheres ainda no século XXI nos remetem a comportamentos tipicamente submissos, onde a predominância do homem sobre a mulher desperta a atenção de estudiosos e mobiliza a classe feminina em busca de conquistas e, sobretudo, de visibilidade social.

Trataremos aqui do comportamento da nem tão fantasiosa assim Branca de Neve que em uma análise mais próxima da nossa realidade, é uma mulher vitima das circunstâncias, órfã de mãe (acometida por uma doença fatal) e vitima cruel de uma madrasta acometida pelo narcisismo e consumida pela sua arrogância, mostrando até que ponto alguém pode ir para sentir-se aceita por si mesma.

Isto a levou a apelar por meios medíocres para a satisfação de seu ego, qualquer coisa valia desde que sua estrutura emocional não ficasse ameaçada. Já que a beleza era o seu meio de exercer tal poder, e Branca de Neve imperava por ser a mais bela do reino, nada melhor do que eliminar o seu calcanhar de Aquiles. Esta moça mostrava-se muito meiga, prestativa, vulnerável e com a auto-estima completamente destruída.

Interessante é que o conto dos irmãos Grimm associa a sua falta de atitude, submissão e seu fracasso à humildade, meiguice e educação, como se para ser humilde, meiga, educada e aceita deveríamos nos submeter às intransigências e poder que os outros supostamente exercem sobre nós, tais como: VIOLAÇÃO DE SEUS DIREITOS, DESRESPEITO A SUA INTEGRIDADE MORAL E AO SEU LIVRE ARBÍTRIO.

Comumente vemos as pessoas atropelando as outras em defesa de seus próprios interesses, com Branca de Neve não foi diferente, afinal, alguém tinha que manter o controle da situação e é claro que este controle não estava nas mãos de uma menina ingênua, meiga, carente e sozinha, então a rainha, sentindo-se despeitada com a beleza da enteada, tratou imediatamente de tirá-la do seu caminho.

Bem, esta parte da estória não é novidade, mais o que me chamou atenção é que diante da coragem do caçador, a bela humilde e meiga ganhou a oportunidade de reverter este papel de vitima, sendo a protagonista de sua própria estória, dando a volta por cima na suas fraquezas, enfrentando o contexto histórico onde foi inserida e criando a sua própria identidade.

Muitas vezes nós temos oportunidades únicas na vida para revermos alguns conceitos ou valores que nos aprisionam, heranças culturais que fizeram da mulher objeto de desejo do homem, escrava dos afazeres do lar sem direito a voz e liberdade de expressão e troféu daqueles que colecionavam conquistas.

A mulher tem a capacidade ímpar de fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo e o faz em sua grande maioria com muita competência. Branca, voltada apenas para os afazeres domésticos, não vislumbrou perspectiva melhor de futuro, encontrar uma casinha onde pudesse ser útil varrendo, limpando, cozinhando e lavando, lhe bastava. Casa, comida e cama quentinha lhe confortavam a alma enquanto a rainha continuava a criar mecanismos de auto aceitação.

É bom lembrar que os contos em sua origem foram escritos para o público adulto e que somente no século XIX os irmãos Grimm os adaptaram para o público infantil. deste modo, se hoje muitas mulheres ainda se vêem como princesas sabendo que estão entrando num universo infantil, imagine quantas não foram seduzidas pela trajetória de vida daquelas princesas embebidas de crueldade e erotismo? No livro "O Estádio do espelho como formador da função do eu" de Lacan, ele diz que “É no enfrentamento dialético prazer-realidade que são estabelecidas as diferenças entre eu - mundo, dentro-fora, realidade – fantasia”

A trajetória comportamental de submissão da mulher esta intrinsecamente relacionada com a condenação dada a Eva segundo a Bíblia Sagrada. Como sabemos foi ela quem mordeu a tal maçã, símbolo do pecado e do desejo. Se Eva não resistiu, porque que nós temos que pagar eternamente pela sua audácia, por ela ter sucumbido à sedução do desconhecido? Ela simplesmente fez o que Branca de Neve gostaria de ter feito com a madrasta, de ter enfrentado seus medos e inseguranças colocado-a em seu lugar, mostrando que Branca podia ser linda e meiga, mas era, sobretudo, uma mulher que sabia o que queria e não se deixaria abater por coisas tão pequenas como a mediocridade de sua madrasta, no entanto, faltou-lhe poder interior para mudar tal contexto.

Se vamos ter que pagar pela “imprudência” de Eva, porque não fazer isto de forma justa e consciente? O medo do puritanismo social nos freia na busca da realização dos nossos mais obscenos desejos.

No entanto após a segunda guerra mundial, este cenário ensaia mudança fazendo com que a mulher saia da inércia cultural e enfrente o seu verdadeiro dilema – a conquista de si mesma.

A mulher tem hoje a possibilidade de reescrever sua historia, deixando para trás o mito que por muitos anos a deixou como Branca de Neve e muitas outras princesas submissas aos desgostos que a vida lhe impôs. Deixar de ser coadjuvante para adotar uma postura propositiva, requer audácia, pois precisamos romper com a imagem estigmatizada e estereotipada que se tem de si mesma, fruto de uma cultural paternalista e opressora, onde o que menos importava era a satisfação do ego feminino, a valorização dos sentimentos e a busca pela realização pessoal e profissional da mulher.

Essas inquietações, fortalecidas pelos movimentos feministas e pela valoração da mulher como símbolo da sensualidade e da promoção de objetos de consumo fez com que percebêssemos que podemos deter parte do poder até então retida nas mãos dos homens.

O príncipe e a princesa foram mesmo felizes para sempre? Eu duvido muito, tendo em vista que um relacionamento não se sustenta por muito tempo quando um dos dois é um dependente emocional, incapaz de amar a si próprio e lutar por seus ideais de vida.

Valéria Duarte

quinta-feira, 16 de julho de 2009

QUE MULHER É ESSA?

Que mulher é essa que me deixa acordado noites a fio tentando decifra-la?

Quem é essa mulher de olhar penetrante, desconcertante, pegadas firmes e perigosas, voz gostosa e manhosa, com passadas misteriosas e sutis e beijos ardentes que aguçam as mais obscenas fantasias?

Uma mulher surpreendentemente louca, sensual, ousada, sagaz.

Traz em suas entranhas a mais perigosa diversidade de caráter.

Nela se confia, por ela apaixona-se quem for louco, por ela deixa-se envolver pela sua eloqüência, por seus argumentos incansáveis, agressivos, inteligentes e algumas vezes infundados, mas defendidos com tanto entusiasmo, que chegamos a nos sentir ridículos, tolos.

Por esta mulher! Esta mesmo, que muitos tentaram desvendar e nenhum conseguiu, nem mesmo ela, pois até por psicólogos, psiquiatras e cartomantes já passou na tentativa vã de buscar respostas para o seu verdadeiro EU.

Por ela, já tomaram até lama, tentaram se jogar das alturas, esbarraram em latas de lixo, enfrentaram visagens para possui-la e esconderam-se em máscaras e personagens numa tentativa absurda de despi-la.

Ei mulher maliciosa, Fugaz! Que desafia meus neurônios, subestima a minha inteligência, põe em xeque a minha paciência, (que isso eu sei que te falta muito) o meu senso critico (isso te sobra) e o meu órgão genital.

Como pude me deixar envolver por tua ingenuidade, tua elegância, romantismo e poder?

Ainda vou descobrir meus caros que mulher é essa que tem medo da solidão, que sabe conquistar por sua maturidade precoce, por sua educação muito peculiar.

Essa droga de mulher vingativa! Porém muito bem articulada e meticulosa, persistente e que tem um poder de liderança nato.

Mulher paradoxalmente autoritária e meiga.

Mulher! Chego a sentir raiva por vê-la como mulher, pois ela é tão fantasiosa, tão apaixonada, as vezes brinca de viver um conto de fadas e dançar ao som de “Anos Dourados” e vive aguardando pelo tal príncipe encantado.

Sinto-a tão frágil, tão vulnerável, fugidia, como eu a queria em meu colo. Como ela é doce. Docemente perigosa!

Acorda idiota! Esta mesma mulher já fez grandalhões chorar, se ajoelhar e implorar por seu amor.

Ela bem que poderia ser mais amena, mais tolerante, menos impetuosa, mais... Mais submissa. Porem se assim fosse ela não seria essa mulher que me faz perder o sono e a razão.

Nem mesmo as mulheres fugiram dos seus encantos e deixaram de se embriagar com seu cheiro.

Essa mulher que se enche de escapismos, excêntrica, com gostos tão refinados e que já foi inúmeras vezes preterida por crápulas, medrosos e oportunistas, desafiada pela prórpia vida traumática. Calculista e metódica, detalhista e racional. Tornou-se ainda destemida e cumplice de quem dela precisar.

Tira-me o sono, perturba-me a sua existência e fascina-me fazer parte de sua história.

Chega-me a ser dúbia, é por isso que não consigo dormir em paz, ela tornou-se a minha obsessão.

E há quem diga que ela é muito previsível.

Elementar meu caro! Tolo aquele que um dia ousou vê-la como uma simples mulher, uma mulher comum.

Ah! Mulher! Quem pensas que és pra me deixar noites em claro?

Até o café esfriou quando eu pensava em ti e quando dei por mim, ali estava eu, debruçada em minúcias dos teus traços, mais uma vez vendo o sol nascer, com os olhos fundos e cambaleante de sono.

Foi só mais uma noite. Só mais uma.

“Se todos fossem no mundo iguais a você.....” certamente é o que Vinícius de Moraes diria se a conhecesse e eu, sorrateiramente completaria..... VIVERÍAMOS UM CAOS.

VALÉRIA DUARTE

terça-feira, 14 de julho de 2009


SUJEITO DE DIREITOS E OPORTUNIDADES

Sujeito de direitos e de oportunidades.

Quais direitos?

Quais oportunidades?

Direito de vida digna.

Qual o valor que tem a minha dignidade?

Onde está a minha dignidade?

Direitos de exercer a minha cidadania ainda que eu não saiba o que esta palavra significa, mas ela não é estranha para mim.

É para você?

Oportunidades de estar inserido numa sociedade que me respeita e não me veja como uma pedra no sapato.

Direito de não fazer parte da crescente estatística da exclusão social e de resgatar a minha moral.

Você não sabe o que é exclusão social?

Oportunidade de mostrar o meu potencial em reverter com agressividade a miséria que expresso através dos meus pés.

Percebe?

Direito de resgatar a minha auto estima e a minha saúde mental.

Onde a perdi?

Direito de não sofrer torturas.

Minha alma esta dilacerada pela tortura a que sou submetido com a indiferença social.

Oportunidade de sair da escravidão de um sistema falho e desumano.

Direito de acesso a saúde, mas senão der, aceito ao menos comer o que sobrou de ontem.

Não sobrou nada? Nem migalhas?

Gostou das minhas sandálias? Fui eu quem fez.

Criatividade? Não. Foi apenas necessidade.

Valéria Duarte

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