quinta-feira, 27 de agosto de 2009

EM BRIGA DE MARIDO E MULHER DEVEMOS METER A COLHER










Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Lei 11.340).


A violência não é um fenômeno novo e muito menos faz parte exclusivamente da vida dos miseráveis ou deserdados pelas políticas públicas. A violência ganha inúmeros definições, tipos e justificativas, mas independente de qualquer uma delas, ela sempre deixa marcas, cicatrizes no corpo, na alma e na imagem social.


Quando falamos de violência temos logo em mente a agressão física e banalizamos as demais práticas de agressões como, por exemplo, a psicológica, sexual, patrimonial e moral, estando estas elucidadas na Lei Maria da Penha, que prevê dentre outras coisas que as medidas protetivas tenham caráter emergencial pondo a mulher a salvo de seu agressor. Esses tipos de violências são mais comuns e não precisam partir necessariamente do companheiro (a) para ser enquadrada como violência doméstica. A orientação sexual também não é questionada nestes casos.


A violência chama a atenção, prende o telespectador, causa um efeito hipnótico sob o outro, prova disto é quando estamos super atarefados e ouvimos alguém gritar “PORRADA!!!!!”. Saímos desesperados, largamos tudo o que estamos fazendo pra ver o que esta acontecendo e na maioria das vezes não passamos de curiosos, meros telespectadores daquela cena chocante, isso quando não torcemos para que o nosso “preferido” saia vitorioso. Os picos de audiência em novelas acontecem exatamente quando alguém se sobrepõe ao outro pela força física, e quando a cena é gravada com mulheres (atrizes), melhor ainda. Torcemos, vibramos e nos sentimos com a “alma lavada”. Não é verdade?


Em se tratando de violência, somos cheios de escudos, nos defendemos com frases prontas tipo: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, “O calo só dói no sapato de quem calça”, “pimenta nos olhos dos outros é refresco” são ditados que usamos para justificar a nossa imparcialidade diante


de tal prática e desta forma contribuímos para o fortalecimento da violência, principalmente no âmbito doméstico, já que poucos tem acesso ao que acontece na casa do vizinho e onde muitas marcas no corpo são justificadas por “quedas no banheiro”, “batidas no canto da parede”, entre outras desculpas para não se expor a julgamentos sociais.


Ainda somos tímidas ao fazermos valer a Lei que nos ampara, ainda preferimos viver com ele, pois “RUIM COM ELE, PIOR SEM ELE”, no entanto, é preciso virar esta página de submissão e de impotência, fomos capazes competir no mesmo nível com os homens profissionalmente e em muitos casos, superamo-los. Fomos capazes de lutar por espaço político e ter nossas representantes no poder, Ai estão. Fomos capazes até de invertermos os papéis, onde homens cuidam do lar enquanto trabalhamos, e isto esta virando moda, já temos até MARIDO DE ALUGUEL.


Subimos degraus sociais, calamos a boca de muita gente com atitudes ousadas, estamos no poder ou em busca dele, educamos nossos filhos, propagamos valores, sustentamos a casa, pagamos nossas contas, votamos, amamos e descartamos se assim for preciso, guerrilhamos, protestamos, usamos e abusamos. Se somos capazes de revolucionar o comportamento social, porque ainda nos intimidamos diante da violência?


Falta de ousadia ou de auto-estima para mudar o estigma de SEXO FRÁGIL?


Aquele que pratica a violência esquece o que fez, mas quem é vitima, direta ou indiretamente, não esquece jamais.


Mudar este contexto depende de nós, a lei esta ai para ser cumprida, as medidas de proteção da qual temos direito também estão a nosso favor, políticas públicas nos aguardam e o mundo “La fora” é bem mais bonito do que conseguimos enxergar. E este nos espera.



Valéria Duarte.


Revisão Textual: Reinaldo Guedes


27/08/09







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